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Do Conflito à Conexão: O Que a Psicologia Ensina com a Metáfora de Rubem Alves

  • Foto do escritor: Psicólogo Antonio Andrade
    Psicólogo Antonio Andrade
  • 6 de nov.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 20 de nov.

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Uma metáfora de Rubem Alves para repensar a forma como você se relaciona.


Rubem Alves, em uma de suas crônicas mais conhecidas, escreveu que existem dois tipos de relacionamentos amorosos: os do tipo tênis e os do tipo frescobol. Essa metáfora, tão simples quanto profunda, não se aplica apenas ao casamento, mas a qualquer vínculo amoroso.


Segundo o autor, relacionamentos parecidos com o tênis tendem a se tornar uma fonte constante de mágoa, raiva e ressentimento. Já os relacionamentos do tipo frescobol têm mais chances de gerar alegria, parceria, conexão e vida longa.


Mas afinal, o que isso significa na prática?

Quando o amor vira tênis


No tênis, o objetivo é claro: vencer o outro. A graça do jogo está em encontrar o ponto fraco do adversário e atacar justamente ali. O prazer está em fazer o outro errar, em “cortar” a jogada até que ele não consiga mais devolver a bola.


No fim, o jogo termina sempre do mesmo jeito: um sai vitorioso… e o outro sai derrotado.


Nos relacionamentos-tênis, a lógica é semelhante:


  • cada conversa vira disputa

  • cada erro vira munição

  • cada falha vira acusação

  • cada discussão precisa de um culpado e um vencedor


E o resultado emocional é inevitável: distância, dor e solidão dentro da própria relação. Porque, como diz Rubem Alves, no tênis, quem ganha sempre perde, afinal, de que adianta ter razão, se o vínculo se desfaz?


Quando o amor é frescobol


O frescobol também tem dois jogadores, duas raquetes e uma bola… mas a lógica é completamente diferente.


Para o jogo ser bom, ninguém pode perder. Se a bola vem torta, o outro se esforça para devolver com cuidado, para manter o ritmo, para continuar o diálogo do jogo. O erro não é uma oportunidade de ataque, e sim de atenção.


No frescobol:


  • não existe adversário

  • não existe placar

  • não existe troféu individual

  • um só vence se os dois estiverem vencendo


O objetivo é manter a bola no ar. Ir e vir. Palavra por palavra. Sonho por sonho. Vulnerabilidade por vulnerabilidade.


Conversar, no frescobol, é cuidar do que o outro sente. É entender que o sonho do outro é um objeto frágil, que precisa de acolhimento e não de corte.


É assim que o amor cresce: não quando um vence, mas quando ambos se sentem seguros para continuar jogando juntos.


E você? Em qual jogo reconhece o seu relacionamento?


Essa metáfora nos convida a olhar com honestidade para a forma como estamos nos relacionando:


  • você escuta ou rebate?

  • você acolhe ou ataca?

  • você quer compreender ou vencer?

  • você joga junto ou contra?


Muitos casais que se amam estão, sem perceber, jogando tênis, quando na verdade desejariam viver um frescobol.


A boa notícia é que é possível aprender a trocar de jogo. Com diálogo, responsabilidade afetiva, maturidade emocional e, muitas vezes, com o apoio terapêutico certo, o relacionamento pode ganhar novos contornos.


O papel da psicoterapia nas relações


Se você percebe que está preso em dinâmicas de disputa, comunicação agressiva, defesas excessivas ou ciclos que se repetem, a psicoterapia pode ajudar a reconstruir formas mais seguras e saudáveis de se relacionar.


A terapia é um espaço de escuta e compreensão onde é possível desarmar defesas, fortalecer o diálogo e resgatar o cuidado mútuo.


Porque, no amor, o que realmente faz sentido não é derrotar o outro.

É sustentar o jogo.

É sustentar o nós.

 
 
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